Sinopse
John Cornwell, um dos principais especialistas mundiais sobre o Vaticano, conta a história do papado de João Paulo II em severo contraste com a sua crescente reputação como o maior Papa na história moderna.
Embora aceitando que João Paulo fez do mundo um melhor e mais seguro lugar ao contribuir para a queda do comunismo na Polônia, Cornwell, argumenta que o Papa não ajudou sua Igreja quando afastou dela milhões de crentes, perseguiu dissidente, omitiu-se na condução e solução da crise da pedofilia sacerdotal e condenou milhões de católicos ao risco de adquirirem o vírus da AIDS. No meio de tudo isso, encorajou o culto de sua própria personalidade e a perpetuação de sua agenda para além de sua morte.
Sua recusa em abdicar a despeito de sua doença e da idade resultou,
segundo Cornwell, num papado de fumaça e de espelhos. A Igreja que conta com um efeito de um bilhão de adeptos foi efetivamente governada durante dois anos pelo seu secretário polonês e um punhado de cardeais reacionários. Por consequência, tivemos um papado em que um Papa prefere heresias, príncipes da Igreja ensinam que a camisinha não funciona, prelados responsáveis, segundo se afirma, por uma série de atos de pedofilia são homenageados, e o Presidente dos Estados Unidos usa o pontífice como elemento de propaganda eleitoral. E tudo isso num dos mais perigosos e agitados períodos da história da Igreja: os ataques de 11 de setembro, a questão da pedofilia nos Estados Unidos, a guerra ao terrorismo e a crise da AIDS na África.
Embora reconhecendo a reputação de João Paulo II como um homem devoto e corajoso, Cornwell insiste em que seu papado foi profundamente falho. Uma explicação crucial para este Papa contraditório, argumenta Cornwell, veio à tona no ano do Jubileu, 2000, quando João Paulo recorreu à paranormalidade religiosa, à profecia milenar e a formas de realismo sobrenatural para explicar sua própria vida e acontecimentos no mundo. Essa visão da história, sustenta Cornwell, abala os alicerces da responsabilidade humana em comunidade, contradizendo o poder de solidariedade que desafiou a União Soviética.