Sinopse
É com grande satisfação que escrevo sobre este livro, O Tempo
do Ser-Vil de, Luís Alberto Helsinger. Tive a honra de conhecer este trabalho como membro da banca que o aprovou como tese de doutorado em Teologia Psicanalítica, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Tempo do Ser-Vil revelou-se um estudo dotado de criatividade, apontando argumentos inovadores e uma saudável
ousadia intelectual diante de uma temática complexa.
Assim, para decifrar o multifacetado mundo da perversão, o texto de Luís Alberto reúne, além da psicanálise, saberes como política, economia, historia, antropologia, filosofia e linguística. No percurso que o autor propõe, passamos por casos clínicos, nazismo, tráfico de drogas, literatura brasileira, globalização, cinema, artes plásticas e escravidão. Este esforço multidisciplinar traduz um estudo atento para o que se passa além de si mesmo, sintonizado com uma generosa visão da alteridade e, principalmente, marcado pela diluição das fronteiras tradicionais do saber, permitindo ao leitor o contato com um pensamento que se amplia e no qual algumas questões centrais de nosso tempo se fazem presentes.
Penso que a boa produção acadêmica – o caso deste livro – se evidencia mais pelas questões que ela abre, pelo sentido renovador da discussão que nela se inscreve, do que pelas certezas congeladas ou verdades de ocasião. Neste sentido, O Tempo do Ser–Vil nos
oferece o prazeroso exercício de ler um texto que interroga a si próprio, interroga outros textos e interroga os leitores. Um estudo intelectualmente complexo e dotado de uma perspectiva, suscitando a vontade de ampliar o debate nele inscrito.